Visagismo médico: um novo conceito em dermatologia

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Visagismo médico: um novo conceito em dermatologia

O diálogo matinal com o espelho nem sempre é muito amigável. Esse objeto parece ter o péssimo hábito de denunciar imperfeições e frustrar expectativas, especialmente quando elas se baseiam nos padrões de beleza disseminados pelas revistas e imagens da TV. Com o passar dos anos, o que era animosidade pode se transformar em confronto aberto.

Todos os dias a dermatologista Luciana Macedo de Oliveira, diretora médica da Clinique des Arts e membro da Academia Brasileira de Medicina Anti-envelhecimento, recebe em seu consultório pessoas que, em guerra contra o espelho, buscam técnicas de rejuvenescimento. “São, em geral, pessoas na faixa dos 40 a 50 anos de idade que, embora ainda se sintam no auge do vigor físico e intelectual, não se conformam com as marcas de idade que vêem no rosto”, explica a médica. “Elas tentam mudanças com cremes, maquiagens e tinturas de cabelo, mas se decepcionam com os resultados. E chegam ao consultório dispostas a tratamentos mais radicais, como os lasers e peelings profundos”, exemplifica.

Mas, antes de optar por qualquer técnica mais agressiva, a doutora Luciana apresenta a seus pacientes um novo conceito que, ainda é pouco conhecido nas clínicas dermatológicas: o visagismo. O conceito de visagismo – termo que vem da palavra visage, rosto em francês – foi desenvolvido pelo artista plástico Philip Hallawell e envolve a construção da imagem pessoal. “O visagista entende que, assim como uma obra de arte, cada rosto tem uma beleza única, e trabalha a imagem de seus clientes de maneira personalizada, buscando a expressão da individualidade de forma harmônica e estética”, diz Hallawell, que tem viajado o país ministrando cursos e palestras sobre o tema.

Assim, no salão de beleza de um visagista, você não encontrará um catálogo com os penteados ou as cores da moda. Para sugerir um simples corte de cabelo, o cliente passa por uma entrevista detalhada que busca identificar estilo de vida, preferências, carreira profissional e até o temperamento, de modo a identificar a imagem que melhor expressa sua personalidade, beleza interior e até mesmo seu papel social. Mais do que simplesmente melhorar a aparência, as técnicas de visagismo podem reconstruir a imagem pessoal. “Às vezes, uma pessoa quer transmitir mais credibilidade no trabalho, mas é prejudicada por uma franja que lhe dá um visual mais romântico. Esconder a testa não expressa intelectualidade”, afirma Philip Hallawell.

Segundo a dermatologista Luciana Macedo de Oliveira, um dos grandes diferenciais do visagismo é o respeito ao tipo físico da pessoa, o que garante ótimos resultados com interferências mínimas. “Um desenho de sobrancelha adequado ao formato do rosto pode causar um efeito tão bom quanto o botox para levantar o olhar”, garante a médica.

A doutora Luciana explica que muitos visagistas já trabalham em parceria com dermatologistas. “Há, por exemplo, vários visagistas especializados em terapia capilar. Além de indicar um corte ou cor de cabelo, eles avaliam a saúde do couro cabeludo e a vitalidade dos fios e, quando necessário, encaminham o cliente para tratamento dermatológico”, diz ela. Se o visagista já buscava o apoio do dermatologista, agora o que se vê é o caminho inverso, ou seja, a aplicação de conceitos do visagismo ao tratamento dermatológico. “Em minhas consultas, busco compreender mais profundamente a queixa que o paciente traz ao consultório. Por trás do pedido de aumento de lábios com ácido hialurônico, por exemplo, está o desejo de ter lábios mais saudáveis e atraentes. Antes de qualquer procedimento, avalio o estado de saúde dessa paciente e seu estado psico-social. Uma boa fórmula oral para estimular o colágeno, combater radicais livres e promover a hidratação, bons cremes com cosmecêuticos de última geração ( medicamentos com ação cosmética mais profunda) e uma sutil definição dos lábios com ácido hialurônico, finalizando com um batom-gloss que harmonize com o tom da pele pode levar a um resultado tão satisfatório que dispense aquele aumento labial exagerado solicitado pela paciente”, diz a dermatologista.

Mas, será que a adoção do visagismo não representa uma espécie de negação dos tratamentos dermatológicos? Resolveremos todos os problemas com medidas estéticas como maquiagens e cortes de cabelo? Nada disso. A doutora Luciana não abre mão das técnicas desenvolvidas pela medicina. “Eu continuo utilizando todos os recursos disponíveis – dos mais simples aos mais complexos – para melhor atender às necessidades específicas dos pacientes. O conceito do visagismo médico apenas preconiza uma visão mais holística do caso e uma integração das diferentes técnicas”, explica Luciana, que salienta que a própria aplicação da toxina botulínica e dos preenchimentos atualmente devem ser orientados pelos efeitos desejados que realmente valorizem os traços de cada um. Desse tratamento personalizado e integral resulta um paciente mais consciente de seus potenciais, mais satisfeito e, finalmente, em paz com o seu espelho.

 

Longe do bisturi

As dicas para parecer mais jovem com o mínimo de interferência

Alimente-se corretamente: nutrientes encontrados em frutas e verduras são fundamentais para garantir a vitalidade da saúde de pele, cabelos e unhas; bem como as fibras, que ajudam o intestino funcionar regularmente. Não deixe também de ingerir proteínas (das carnes ou leguminosas): as proteínas ajudam na reparação dos tecidos e manutenção do tônus muscular.

Beba água: hidratação é regra número um para manter pele mais jovem e cabelos mais brilhantes. Dois litros de líquidos diariamente.

Durma bem: nem o cosmético mais incrível tem o poder de uma boa noite de sono para prevenir olheiras. O sono também melhora o humor e protege o sistema imunológico, garantindo uma aparência mais jovial e saudável.

Use fotoprotetor: o uso do fotoprotetor é obrigatório em qualquer idade e em qualquer ocasião, mesmo em dias nublados e no inverno. Os raios UVA e UVB são capazes de atravessar as nuvens e provocar danos à pele, de envelhecimento precoce a câncer. Pessoas mais claras devem usar fator de proteção solar 50. E não deixe de usar o protetor no pescoço e nas mãos!

Use óculos escuros: Lentes escuras de boa qualidade, com filtros UV, protegem e evitam as rugas de expressão em torno dos olhos. Na praia ou piscina, use também chapéu ou boné.

Limpe e hidrate a pele antes de dormir: a limpeza elimina impurezas, a oleosidade e evita a acne. Lembre-se: dormir com maquiagem acelera o envelhecimento da pele porque obstrui os poros e dificulta a oxigenação do tecido. Faça uma boa hidratação com produto específico para sua pele. Ao acordar, você notará a diferença!

Cuide da saúde dos cabelos: Hidrate regularmente e faça cauterização nos fios a cada dois meses, para recuperar os fios e tirar o aspecto quebradiço que envelhece o visual.

Atenção para a cor dos cabelos – Uma mudança na cor do cabelo pode rejuvenescer até 10 anos, garante Philip Hallawell. A quem tem pele branca ou rosada ele recomenda os tons louros, acobreados claros ou castanhos. Morenas mais coradas, com um toque levemente avermelhado na pele, também ficam ótimas com tons alourados. Já as morenas mais pálidas ressaltam a beleza com cabelos mais escuros, castanhos ou acobreados. E as negras podem optar por tons acobreados, pretos ou castanhos. E, para todos os tipos físicos, vale a dica: “Após os 40 anos, use cores claras nos fios para deixar a expressão mais leve”.

Tenha o seu médico da pele: escolha um dermatologista que realmente tenha muitos anos de experiência na área e que realmente esteja antenado com as últimas tendências da cosmiatria mundial. Evite ir ao consultório para fazer o procedimento, apenas externe seu problema e deixe que seu dermatologista avalie seu rosto e indique as melhores técnicas para cada problema apontado. É um erro achar que um lábio avantajado ou uma testa sem rugas vai deixá-la mais rejuvenescida. “O que rejuvenesce é a sutileza das intervenções aliada a uma combinação perfeita de procedimentos que valorizem cada ângulo do seu rosto”, diz a Dra. Luciana.

Esqueça os catálogos: por mais que as modelos das revistas e dos catálogos de moda sejam inspiradoras, na hora de cuidar de sua aparência, avalie o corte de cabelo, as cores de maquiagem e o desenho de sobrancelhas que ficam melhor para o seu tipo físico, personalidade e os papéis sociais que você exerce. Um cabelo vermelho repicado pode ficar ótimo numa artista plástica, mas não necessariamente numa advogada. Beleza não é como linha de montagem industrial: sua aparência exterior é única: ela deve refletir quem você é e a mensagem que quer transmitir para a sociedade.

 

Fonte: Dermatologista Luciana Macedo de Oliveira, Diretora Médica da Clinique dês Arts, Membro da Sociedade de Dermatologia